Um poema- por Ninguém
24/07/2020
E a rua se mostra novamente na nostalgia de tempos idos
LÁ NO ALTO DAQUELE MORRO
passa boi, passa boiada
mas onde a menina e a rosa
no cabelo, ao fim da quadra?
desde o alto daquele morro
chove desde a madrugada
por isso ainda não veio
a menina namorada?
no fundo daquele vale
já está feita a invernada
foi vergonha, medo, febre
ou seu pai trancou-a em casa?
no meio daquela rua
sobre a cabeça nublada
do menino morre a tarde
qual barquinho na enxurrada
no leito daquele rio
as águas já são passadas
cada hora era um navio
que rumava para o nada
na barra do fim do mundo
o menino hoje de barba
traz um relógio que conta
as horas já afogadas
se no alto daquele morro
passou boi, sumiu boiada
restam lírios onde jaz
a primeira namorada