Um poema - por Ninguém
22/05/2020
De forma alguma tome as palavras acima como um título. Nem caia na tentação de achar que Alguém chama-se Ninguém. Esqueça-se dos indivíduos e dos nomes. Apenas enverede na fruição. Mas, caso se torne insuportável prosseguir sem um dêitico, cabe-lhe guardar, à guisa de norteamento, que o poema abaixo compõe o livro inédito Rua.
SE POR DESCUIDO
ou impulso
mudasse o destino no fim do dia
voltasse para uma casa que não a sua
qualquer casa
voltar para o inconhecido
o jamais tocado, o imenso
voltar ao estranho
como um estranho
como a primeira vez que, cansado,
descansou
voltar a nascer...
como se morresse