Decreto sobre IPI e Zona Franca - Bolsonaro enganou mesmo o Amazonas?

16/04/2022

Há duas maneiras de interpretar a pergunta acima, uma histórica e outra pontual. Iremos proceder ao exame das duas.

Na primeira, devemos considerar as declarações dadas por Bolsonaro e seu ministro Guedes a respeito do Amazonas e do modelo econômico Zona Franca. Em nenhuma delas, eles demonstraram apreço pela região e seu polo industrial, deixando muito claro que não faziam questão alguma de protegê-lo e que, na primeira oportunidade, poderiam fazer valer ações que destruíssem as vantagens competitivas que sustentam o PIM.

Quanto à segunda, a situação se torna no mínimo curiosa. Ora, em nenhum lugar ou circunstância Bolsonaro se manifestou expressamente pela alteração do decreto a favor do estado. Assim, todas as garantias dadas advieram somente dos relatos dos presentes a uma reunião em que se tratou do assunto, sem mais nenhum comentário do Planalto acerca do tema.

Não estamos aqui querendo entrar em minudências sobre o que foi de fato dito na reunião, ou se a opinião pública foi vítima de um processo manipulatório. Interessa-nos uma questão mais profunda. Ora, sabendo-se da conduta, no mínimo, costumeiramente volátil do suposto presidente, e de sua inclinação para mudança de humores, como é que as ditas autoridades presentes na sessão não trataram de arrancar dali o mínimo de garantias, uma gravação que fosse, a qual deixasse realmente indubitável que houve deferimento em seu pleito?

A resposta, embora indignante, é muito óbvia. Eles não o fizeram porque não estavam ali como representantes do Amazonas, mas como uma massa apaniguada e subalterna, cuja única tarefa era aplaudir Bolsonaro para o que quer que ele dissesse, independente dos resultados penosos disso para o povo que deveriam defender.

Em sendo assim, a resposta a ser dada a nossa pergunta inicial pode ser tão somente uma. Bolsonaro não enganou, foram o governador e seus asseclas que se deixaram ser enganados. Os motivos de tal passividade são mais do que evidentes.

Enquanto isso, a pobreza prospera. Segue horrorosa a motociata indiferente.


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