Coari, UEA - a esterilidade de uma intelligentsia
Muito se acusou a população de Coari após o resultado da eleição suplementar ocorrida em fins do ano passado. Disseram que o povo era estúpido e não sabia escolher, e por isso optava inevitavelmente por se manter sob o domínio de um clã dinástico e opressivo.
Pouco necessário afirmar que tal análise é pobre diante do contexto do processo, e do jogo de forças que se instauraram no trânsito eletivo. Sob estas, os eleitores ofereceram uma resposta clara e pertinente, que pode ser resumida da seguinte maneira: sim, a escolha que nos cabe é terrível, mas isso é um problema que concerne a nós resolvermos, e não a nenhuma força externa. No mais, repudiamos a política de morte do governo que ora tenta nos dirigir.
Passados alguns meses, chegam as eleições reitorais na Universidade do Estado do Amazonas. E o que tivemos? exatamente o contrário do que foi realizado no município interiorano. Uma maioria decidindo por submeter-se a agentes exteriores, que nada mais querem do que estender seus tentáculos a fim de tentar arraigar-se ao poder e persistir nas práticas abertamente deletérias de qualquer interesse de bem-estar da população, sobre as quais ainda paira o ideário bolsonareiro, cujas ações e interesses nos são patentemente conhecidos.
Tudo isso acrescido de um agravante. Em tese, a comunidade universitária corresponde a um estrato intelectual - aqui tomado não no sentido elitista, mas sim de uma camada de trabalhadores responsáveis pela elaboração e publicização do conhecimento - da sociedade, e que deveria oferecer alternativas críticas para a grande política, mas que, no caso aqui em questão, atuou para ofertar um categórico contraexemplo.
Diante de tais fatos e comparações, obrigatoriamente, perguntamos. Onde é que está mesmo a sabedoria?