A cidade e seus cúmplices, por Victor Leandro

18/07/2020

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Nada de pura contemplação. É preciso andar e perceber.

Na rua Frei José dos inocentes. Um nome agora meio mítico. Foi muito sorte ter podido morar aqui. Uma casa velha da família. Quiseram vender, mas insistimos. Não temos vergonha alguma de sermos decadentes. Estúpido pensar que há mesmo algum outro lugar para onde ir. Aqui ficaremos. É charmoso. É declínio.

-Você precisa parar de achar que é dândi.

-Por quê? Existe um decreto contra o estilo?

Mais adiante, o cassino. Pode reabrir, graças aos ministros loucos. Na praça, prostitutas e idosos adormecem. Despertarão mais tarde. Já são quatro, e um e meio prato de comida apenas. É o bastante. É o que se precisa. A reflexão vem sobre como mudar o mundo. Na prática, impossível, Sâmia diz. Muito outros sonharam nosso sonho antes, e apenas conseguiram cair da cama. Vamos comer e pensar um conto ruim.

-O contista é um preguiçoso, assim como o poeta.

-Talvez escrever também seja somente mais um sonho.

-É isso.

João, de qualquer modo, e de tudo, não cogita desistir.

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