João colou mais um papel na parede descascada. Estavam na escadaria dos remédios.
A cidade e seus cúmplices
Uma intervenção artística verdadeira é sempre um ato de insurgência e, como tal, está permanentemente exposta às opressões perpetradas pelos aparelhos dominantes. É ingênuo achar que ela ocorrerá sem contrafluxo. Se assim for, será porque esta não passou de esquecível.
-O que se perde são apenas os grilhões,
Nada de pura contemplação. É preciso andar e perceber.
-Não, ninguém se lembra, ninguém liga. Até nós, de certa maneira, não ligamos. Senão era impossível estarmos aqui juntos, no meio da cidade, ainda que em lugar mais calmo, pelo menos no céu aberto. Ainda me contaram uma história de que estavam dizendo que vencemos. Ridículo! Aonde formos, só existe derrota, nossa, da tal ciência, da arte, da saúde,...
Então chegou. Estava no portão do Tadros.
Uma palavra econômica, economizar. A pernada ou o ônibus? O sol hoje tem clemência. Escolhe vagar, porém com moderação. Não dá para dizer que será um caminho curto. Do Educandos ao centro, existe uma ponte e mais que uma rua.
Todo escritor é de certa maneira um demiurgo da cidade. Não que a molde, não que a faça como sua. Isso fica para os gananciosos e para os políticos. Também não é ela mesma a sua ideia. Mas a questão, ao final, é que este a relata, ainda que sem motivo. Sobra, assim, um ímpeto agudo no imaginário do leitor,...